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Olhei-me no espelho. Naquele momento ali, desnuda, me vi inteiramente só. Encarou-me a solidão. Dos dias atravessados, este talvez tenha sido o mais difícil de todos. Embora não sinta tristeza nem vazio, é essa solidão que faz o convite ao espelho, real e subjetivo: olhar e ver o inteiro. Cotidianamente me vejo em partes, ora um aspecto se sobressai, ora outro. Nesse instante de silêncio e verdade nua, me vi completamente, e talvez por isso, tenha sido tão forte. Ao olhar, vi beleza e força, mas também muito medo e insegurança. A mesma personalidade que se encoraja também se acovarda. E me vejo nessa dualidade como uma alma viva, que se alimenta desses tantos sentimentos e sensações, que acredita na possibilidade de crescer com tudo isso. Depois de me ver ali escancarada em frente ao espelho, chorei e deixei que toda a água pudesse levar e lavar o que excede, para que permaneça apenas o essencial, o que servirá de amuleto na jornada que segue. Tive medo do que vi, mas agora sei que nunca me enxerguei tão verdadeiramente. E não, não me amedronta a casca, a pele, o corpo. O mais difícil de enxergar é o que existe por dentro, o que sinto mas não posso tocar. Em silêncio, em solitude, me olhei verdadeiramente e me vi, sendo quem sou.
Magda Albuquerque