Paixão é arte
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Nunca encontrei boas formas de demonstrar apaixonamento. Sempre fui tão inadequada; conseguia o efeito inverso. Ao me declarar, afastava as pessoas. Sempre foi muito difícil para a minha humanidade, encontrar uma maneira adequada de falar dos meus sentimentos diretamente para a pessoa pela qual eu os nutria.
O amor tem esses efeitos (não sobre todas as pessoas, é claro, mas tem) de tornar as coisas adversas. Não aprendi na escola como me declarar, como expor meus sentimentos sem me ferir (ou ao menos amenizar as feridas).
Sempre acompanhei um ritmo muito próprio. Fascinada pelo olho no olho, escondia meu olhar para não ser notada. Não podendo me conter em não estar na companhia da pessoa amada, me esquivava da presença para não notarem meu estado de 'enamoramento'. Clamando pelo toque das mãos, pelo contato do abraço, erguia uma barreira intransponível ao meu redor. Não houve amor que derrubasse essa redoma de insegurança. Efeito inverso predominante.
Cresci, amadureci (?), e permaneci sem saber 'como me declarar'. Deve existir em algum lugar no mundo, um manual que descreva exatamente e perfeitamente, todo o passo-a-passo para alcançar êxito nessa batalha. Será? Mas de que servem os manuais a não ser para nos confundir ainda mais? Porque afinal, aprender de verdade, só conseguimos praticando. Porém minha prática está fadada ao fracasso. Não há amor para ser declarado. Não há paixão que avassale esse inseguro coração. Há muito não me deparo com aquelas palpitações descontroladas, mas tão prazerosas.
A vida apaixonada se esquivou de mim, por pura falta de dedicação ao aprendizado da arte. Se apaixonar pode até ser fácil, mas exige uma disposição e uma sede infindáveis porque não se sabe onde cada um pode ser levado. Dizem que o amor remove montanhas, e certamente sim. Mas acredito também que ele possa colocá-las onde não existem.
Acredito que possa aprender, sempre, a cada dia. Mas quanto à isso, me vejo tão sem saída, sem perspectivas de mudanças. O amor continuará vivendo em meu coração, mas continuo sem saber como conduzí-lo ao coração mais próximo.
E certamente ei de constatar que não sou boa nisso, e findarei por passar pelos mesmos processos já tão saturados. A vida tem dessas coisas, que a gente não sabe o que fazer.
(Elaborado a partir de uma longa conversa dessas de MSN na madrugada)
Magda Albuquerque
Magda Albuquerque
2 comentários
Acredito que um dia, a gente transparece o amor de tal forma que palavras ou demais demonstrações tornam-se desnecessárias.....belo texto moça!
ResponderExcluirTambém acredito, Yohana.
ResponderExcluirObrigada pela visita *.*