O Palhaço (sobre o filme e outras coisas)
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O filme "O Palhaço" é um belíssimo exemplo de como o cinema brasileiro tem evoluído brilhantemente. Tal evolução não o elevou à premiação de um Oscar; falo de evolução que se dá na transformação em verdadeiras obras de arte. Nunca perco a chance de desfrutar de bons filmes e assim ter a minha própria impressão sobre eles.
Logo que vi Selton Mello como diretor, ator e um pouco mais em O Palhaço, constatei que eu deveria assistir, pois sempre gosto dos filmes em que ele atua (seja em qual função for). Resgatando memórias de imediato recordo três filmes em especial: Lisbela e o Prisioneiro, O Auto da Compadecida e Jean Charles. Exceto o último, há muita semelhanças entre eles e O Palhaço. A semelhança está na simplicidade das narrativas, o desenrolar dos roteiros, os personagens marcantes e também as histórias peculiares.
O Palhaço toca essencialmente a alma de quem o assiste. Somos todos humanos, em busca de uma essência mobilizadora, que impulsione a vida, seja qual for o nosso caminho. Precisamos de algo que faça sentido. Além disso, estamos sempre à mercê dos nossos sentimentos e aonde eles pretendem nos levar, e confesso que esse fato de não ter escolha e me render ao coração, me agrada profundamente. Nunca compreendi muito bem as pessoas que desprezam as coisas simples e essenciais, que tocam íntima e profundamente a alma e nos levam a outros mundos, ainda não explorados.
O Palhaço tem necessidades - todos temos - muito pequenas, comparando à busca desenfreada que se vê sociedade adentro. Ele precisa sair em busca de suas necessidades para posteriormente voltar, percebendo seu lugar, seu verdadeiro eu: palhaço!
Não posso esquecer de mensionar a trilha sonora e a fotografia: cores quentes, sons suaves. Com certeza, fazem do conjunto uma obra de grande valor. Valor de alma, de verdade, de essência.
O Palhaço nos dá aquilo que estamos precisando: ir em busca de nossa verdade e, se preciso for, voltar. Voltar transformado por tamanha experiência de encontro: de chegadas e partidas dentro de si mesmo.
"O gato bebe leite, o rato come queijo, e eu sou um palhaço"...
E você? O que você faz, quem você é? Vale a pena olhar para dentro e descobrir.
Magda Albuquerque
* Imagem do meu caderno de desenhos: um rascunho feito logo após assistir ao filme.
* Para ver o trailer do filme, clique aqui.
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