Just he.

22:13

Ele era desajeitado, inconstante, estabanado, simples, espontâneo, bobo... Características estas, bem destacadas. Falava tudo o que queria, quando queria. Descobria os inconvenientes muito depois, já de cara lavada. Nunca havia conhecido alguém com cara de romance. Vocês já conheceram alguém assim? Olhar para ele era instantaneamente instigar a vontade de amar.
Parecia tão inadequado amá-lo, tanto quanto inevitável. Confesso que me rendi, e pronto. Um cara sem tantas doçuras, mas ao mesmo tempo em que era detentor de todas elas, do seu modo. Sem conhecer quase nada de formalidades, não deixava escapar entre os dedos nenhuma das delicadezas necessárias. Um verdadeiro gentleman.
Aos poucos fui descobrindo traços dele, que me tornavam ainda mais encantada com o seu modo de ser, de amar, de se relacionar. Sem exageros ou grandes feitos, apenas o essencial, o natural, o primordial. Não precisava exigir nada mais que isso. Por isso, aprendi tanto sobre simplicidade; ele era sua encarnação.
Recordo do hábito que ele gostava de exibir para todos que ousassem olhar: chegava mansamente, olhava em meus olhos, me abraçava e em seguida encostava levemente seus lábios nos meus. Para mim, era o bastante. Nesses breves momentos eu simplesmente era capaz de esquecer de tudo ao meu redor, e me prender naquele abraço, por um tempo indeterminado.
Sua voz suave, seu jeito maroto de brincar com os cabelos, sua pele forte e macia, sua maneira de chegar e sair, deixando sempre um pouquinho de si. Nunca conheci alguém com essa capacidade, tal como ele. Ele, simplesmente ele. Talvez você já tenha encontrado um cara assim também. Prefiro acreditar que muitos como ele, existam por aí; do tipo que vai embora sem deixar um gosto de ausência.
Somente ele, com o seu jeito tão distinto, foi capaz de me render, me ensinar a explodir de amor. Tenho sede desse tipo de amor, e ele me embriaga com uma dose, todos os dias.


Magda Albuquerque

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