Uma experiência, uma vivência. Tive a oportunidade de aprender xilogravura, com o grande mestre desta - J. Borges, na cidade de Bezerros - PE. Para quem não conhece, clica aqui, só pra ter uma ideia. Vivenciei essa oficina junto com minha turma da pós de Arteterapia. Além da criatura simples, espontânea e de uma humanidade contagiante, o senhor J. Borges não deixou ninguém pensar, colocou todo mundo pra trabalhar, pra aprender a fazer, essa arte que é tão nordestina, tão característica de nossa terrinha. 

Produzi algumas imagens e trouxe aqui comigo, além dos outros mimos que acabei comprando. Mas o que não esperava era que essa arte viesse a repercutir em minha alma.

Ao chegar em casa, observando cada coisa, cada detalhe, pensando na experiência, em como o trabalho nasce, em cada ferramenta... Percebi que a xilogravura é um metáfora do corpo. O nosso  corpo é inicialmente a matéria bruta, como na xilo - a madeira -, que ganha forma e se transforma em imagem, de acordo com o manuseio das mãos que se dedicam a essa delicada arte.

A xilogravura é delicadeza. É matéria inacabada, mas pronta a ser moldada, a se deixar transformar. Assim também é o nosso corpo, muitas vezes desconhecido, que não se torna par com nossa alma, mas sempre em processo de transformação, talhado pelas mãos de quem deseja torná-lo vivo, repercutindo uma mensagem.

As imagens produzidas pela xilogravura apresentam um pouco da alma de quem as produz. O nosso corpo também é reflexo do cuidado, ou não, que temos com nossa alma. E é importante perceber (o que para mim foi possível com a xilogravura), o que esse corpo reclama, que mensagem ele quer passar, sobre o cuidado que temos com nossa alma.

Xilogravura é alma, é saúde, é sensibilização, cuidado... É Arte, na amplitude do significado desse termo.

E eu só tenho a recomendar: Conheçam o Museu da Xilogravura e o Memorial J. Borges, além da cidade de Bezerros - PE. E se possível, experimentem produzir. Vale a pena e faz bem para a alma.

Magda Albuquerque