Abrindo o coração
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Diante das histórias mal vividas, as decepções e frustrações tendemos a ter medo de arriscar, de gostar de alguém de novo, de permitir que o coração se envolva em mais uma história. E é tão normal. Quem nunca viveu isso? Quem nunca morreu de medo de se apaixonar de novo e foi lá e se apaixonou? E por vezes até sofreu de novo, mas no final das contas acabou arriscando?! É um ciclo normal de quem se permite, porque se envolver com alguém é se permitir completamente, e se entregar aos riscos. E isso vale a pena demais, é isso que alimenta a vida, que impulsiona pros dias mais banais aos mais importantes.
Eu já perdi as contas de quantas vezes afirmei que não mais permitiria que alguém entrasse em minha vida pra fazer estragos em meu coração. Poxa, quantas vezes! Mas sempre acabava (e ainda acaba) acontecendo, porque assim é a vida, e a gente tende a se encantar por alguém e querer essa pessoa por perto. E incontáveis vezes me fechei, chorei, e jurei que ninguém nunca mais me faria sofrer, que só deixaria alguém entrar em minha vida se fosse pra ficar. Tolice! Qual a garantia de eternidade que nós temos? Apenas a eternidade das nossas memórias de tudo o que é vivido - a única.
E tudo isso me fez aprender que quando alguém aparece e mexe com a gente ao ponto de o coração bater mais forte só de pensar, falar, ver, estar com essa pessoa... Vale a pena demais! Não tem pra quê se afastar, medir até que ponto se entregar ou se resguardar. Os sentimentos precisam de entrega, e caso não seja assim, se esvai pelos ralos reservados pelo medo. A entrega deve ser incondicional, sem reservas. Sempre vale a pena pagar pra ver no que vai dar, sempre. Mesmo que ao final haja dor, haja sofrimento por um possível término, mas e tudo o que foi vivido não valeu a pena não?
Ah, pra mim vale demais e é movida por essa certeza que venho me permitindo, abrindo meu coração. Mesmo depois das dores vividas, depois das decepções passadas, vale a pena. Vale a pena sentir o que estou sentindo. E sentir que as coisas podem dar certo, os sentimentos possam ser vividos, e as relações construídas. Essa é a graça da vida: construir algo que valha a pena, que nos imponha a certeza de que estamos de fato VIVENDO! Sim, tudo em caixa alta. Porque muita gente anda por aí apenas vivendo, de um jeito murcho, vazio, sem entrega. E isso eu não quero pra mim.
Gosto de sentir uma revolução dentro de mim a cada mensagem trocada, a cada conversa, a cada beijo, a cada rompante de saudade, a cada encontro, a cada promessa, a cada vez que pensamos em um nós que começa a nascer. Isso me impulsiona a buscar sempre mais, a sentir no peito uma sensação gostosa de que estou vivendo tão plenamente. Mesmo que seja só agora, ou daqui a pouco, ou que perdure, eu quero sempre me sentir assim: viva! E pra me sentir viva preciso dessa incondicionalidade na entrega aos meus sentimentos, àquele alguém que aparece em minha vida e se coloca nela ao ponto de me transformar em um alguém que sorri levemente, que se emociona facilmente e que está pronta pra viver o que tiver de viver.
Medos? Coloco debaixo do braço e convivo com eles. Mas meu coração está pleno, leve e se contenta em experimentar um novo sentimento, desse jeito diferente, maduro, sincero e inteiro. Esse coração segue levemente, disposto a construir o que tiver de ser construído, e se sente livre. Livre para se apaixonar, amar ou seja lá o que a vida vai lhe trazer. A entrega é incondicional, e é assim que eu quero que seja, até o fim.
Magda Albuquerque
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