Não mais você
22:40
Sabe aquela história de que o mundo gira? Ando bem sorridente com a constatação disso na minha vida. Não há nada que o tempo não cure e transforme em lição, nada. Nessa mania doida de muitas vezes querermos a companhia de alguém em nossa vida, nos danamos a acreditar que certas pessoas possam ocupar esse espaço. Mas nem todo mundo se encaixa na vida da gente, nem todo mundo faz sentido na vida da gente. O desejo é tão grande de fazer dar certo que ignoramos as falhas óbvias, gritantes (cercadas de luzes de alerta) e abrimos mão do orgulho, e tanta coisa, mas fazemos acontecer. Mas aí é que tá. Não é preciso abrir mão de tanta coisa, precisamos achar alguém que se encaixe na vida da gente, e que sonhe junto, e que se permita junto.
E voltando ao contexto, eis que numa dessas situações de arriscar, de querer dar certo com alguém, inventei de me apaixonar. Aquela paixão foi louca e avassaladora, me tirou os pés do chão. Mas foi só isso. A relação não me permitiu colocar os pés no chão, sentir segurança, sentir que fazia sentido. E assim como começou, se foi. E eu nem entendi nada no meio disso tudo. Só senti uma falta gigante. Demorou um pouquinho, mas a ficha caiu e deixei pra lá. Chorei de saudade em um certo momento, mas era parte do luto, do processo de me permitir dar tchau.
Então, depois disso, senti meu coração leve e que estava pronto pra qualquer coisa. Passamos muitos anos em nossas vidas medindo o que fazer ou não, até onde ir ou avançar algumas casas, e outro tanto de limites. Porém, finalmente senti a leveza e a compreensão de que minha liberdade e o meu desejo de me encontrar é muito maior do que toda e qualquer relação. Entendido isso, vivenciei algumas outras situações que não fizeram muito sentido, mas foram importantes para compreender de fato o que faz parte de mim. E surpreendentemente, pela primeira vez na minha vida, encontrei alguém que faz sentido na minha vida, que sonha comigo, que está comigo inteiramente, e alguém que desperta em mim todos os dias o sentimento mais lindo que há... É, assumo que encontrei esse tal de amor. Com ele, vivo a leveza de uma relação, o sentimento sendo construído dia a dia. Dois corações feridos pela vida que se encontraram quando precisavam, quando se permitiram, e hoje me sinto inteira. Não que ele me preencha, ou seja a tampa da minha panela. Mas a inteireza se dá na certeza e a segurança de estar com alguém que se permite, que não se amedronta e está comigo pra qualquer situação.
Tendo dito isto, eis que se faz o giro do mundo. E não é que quem não faz mais sentido resolveu dar o ar da graça? É, minha gente, defunto ressuscitou (alô Comendador! Haha). E resolveu aparecer saudoso. Precisei ler a conversa duzentas vezes para acreditar no que estava sendo dito. E sorri feliz. Não que precisasse disso, mas por ver a vida tomar formas e eu simplesmente não me importar com uma palavra sequer dita por ele. Aprendi muito, e me encontrei muito a partir da relação (se assim posso chamar) que tivemos, mas não vivo de vazios, de indecisões, de imprevistos e de promessas que nunca se cumprem. Simplesmente, desejei muito que ficasse em minha vida, mas hoje vejo que essa vida, esse tempo, já passou. E com a maior convicção do mundo, eu digo: Não, não quero, não mais você.
Magda Albuquerque
0 comentários