Dilema [parte II]

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      Marcado o encontro, você pensa mil e uma coisas a serem faladas, mas sabe que na hora vai esquecer de praticamente tudo. Mesmo assim, você se arruma e vai. Ao chegar, você olha nos olhos daquela pessoa um dia tão esperada, e não sabe mais o que esperar dessa conversa, porque já foram tantas e não deu em nada.
      Mesmo assim você acredita e continua. Vocês se abraçam com saudade, e o mundo poderia parar de rodar naquele momento; tudo estaria bem. Vocês se olham com carinho, logo em seguida, e sabem que há muito o que ser falado. Você senta ao lado dele, respira fundo e espera. Ele pega nas suas mãos e lhe pede desculpas por ter-lhe feito esperar tanto tempo. Como uma boba apaixonada, você reafirma que ninguém manda no coração, é ele quem guia para onde você vai. Mesmo assim ele se desculpa e que agora pretende fazer as coisas valerem a pena. Um sorriso desconfiado surge em seu rosto, falta um pouco de confiança. Ela que era tão absoluta e absurdamente presente, onde está agora? Será que foi embora naqueles momentos de incontáveis lágrimas? Você não tem as respostas, mas espera que essa conversa os leve a algum lugar.
      A conversa vai e vem praticamente ao mesmo ponto: e agora, o que fazemos? Você deixou as certezas em algum lugar, e a esperança de ouvir aquelas palavras, e senti-las soando com o peso da verdade naquele momento, lhe confunde ainda mais. Você quer estar com ele, mas não sabe mais se vale tanto a pena assim. Além disso, sua cabeça está um turbilhão, e não consegue pensar nesse momento sobre isso.
      Então você pede para ele que lhe dê um tempo para assimilar melhor tudo o que foi dito e pensado por vocês. Ele se emociona, e diz que não há coisa no mundo, que ele queira mais do que estar com você agora. Mas você ainda pensa: até quando? Prefere não questionar quanto a isso. E após longas duas horas de conversa vocês se abraçam ainda com mais vontade e se beijam com ternura. Não se sabe aonde esse romance vai 'acabar', mas você tem certeza de que amor existe e ele transborda.
      Ao chegar em casa você se dá conta de que agora quem vai ter que esperar alguma coisa é ele, e sorri desconcertada ao se dar conta de como o universo se encarrega de cada coisa. Deus sabe exatamente quando, onde e por quê, só você não sabe. Sua tarefa agora é pensar, e está em suas mãos o destino desse dilema que se tornou esse romance. E que venham os próximos capítulos.



Magda Albuquerque

Escrito ao som de Maria Bethânia, em Sensível demais.

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