E então minha alma fez escolhas. De sua madura imaturidade, saboreou de uma essência jamais imaginada até então. Tocou leve e sorrateiramente na casca que a protegia. Posteriormente, pode descobrir um conteúdo outrora desconhecido, mas que de tão iluminado, quase cegou. As mãos tocaram inconscientemente algumas almas. O corpo compartilhou de outros corpos, através de uma imagem, um cheiro, um gosto, um prazer em vida.  Abraços em forma de calor, ou calor em forma de abraço? De tão intenso, o movimento por vezes confundiu-se, porém ainda assim, todo o encanto prevaleceu.

Caminhada que deteve também de cansaços, desprazeres, árduos desapegos, novas estruturas... Mas que somente exigia Vida. Esta em disponibilidade, aconchego, olhares. Como não recordar das palavras trocadas, dos sentimentos despertados, da humanidade com a qual se podia realizar trocas?

Não há conjugação verbal que se faça mais adequada do que Amar: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam. Conjugação diária e permanente. Exigência.

Minha alma experimentou certezas, fez escolhas, e de tanto amar deixou-se mergulhar, se embriagar na melodia do contato, da verdade, da essência. Já não mais caminha em completa escuridão, por toda a jornada que há de seguir, vivem frestas intensas, de uma luz calorosa, brilhante, vivente.


Magda Albuquerque