Queria que você me escrevesse
12:06
Senti um súbito desejo de que você me escrevesse. Tantas e tantas vezes sentei, peguei o caderno ou o computador, e passei longos minutos escrevendo algo que nem sempre chegou até você. Tantas linhas escritas e apagadas, tantas palavras que se escondiam no labirinto de um simples papel ou um bloco de notas. Era mais fácil escrever do que lhe dizer tudo o que se passava em minha confusa mente.
Mas hoje, eu queria mesmo era que você me escrevesse. Queria lhe enxergar em palavras; queria ler nas entrelinhas do seu cuidado em me dizer aquilo que eu já sei, mas precisava muito que você me dissesse. Queria ler no breve espaço de um jogo de palavras com a simples intenção de dizer, de informar, uma situação que nos fadou ao cansaço, à desistência, à mudança de ares, e a apostar em um futuro diferente. Passamos a enxergar a vida de uma forma diferente, apesar de tudo, ou graças a tudo. E era isso que eu queria ler, saber de você.
Queria lhe conhecer através de suas palavras, de sua caligrafia - coisas tão particulares - que mostram tão apenas você. Sem a confusão das palavras que não deveriam ser ditas e acabam saindo da boca na hora errada, sem a dor de olhar nos olhos e sentir arrependimento, sem precisar arrancar palavras que não condizem com a verdade do que deveria ser falado. Queria ler suas palavras, suaves, amenizadas por uma reflexão (mínima que fosse), retirando um pouco do calor da emoção que modificam o falar.
Queria ler você. Queria ter em minhas mãos suas palavras, e sempre buscar na estante, ou na gaveta, como um livro que fica ao lado da cama - na cabeceira -, para confortar o coração e acreditar que tudo foi tão verdade que está ali, escrito. Apenas gostaria de ter o conforto das palavras, das suas palavras. E de repente, pedir: me escreve uma carta, um bilhete, em um canto qualquer, para aliviar essa vontade de ter um pouco de você comigo.
- É, a gente tem mania de desejar coisas bobas mesmo.
Magda Albuquerque
2 comentários
Magda,
ResponderExcluirQuantas palavras não ficam guardadas, represadas, num desejo não cumprido de uma missiva, de um bilhete, de uma mensagem em SMS?
Vezes há que não existe conforto algum nelas. Nem quando as remetemos...
Abraço!
Fabrício,
ResponderExcluirEu acho que sou campeã de palavras guardadas. E é angustiante, mas também age como uma defesa.
Vivo em um processo de aprendizado quanto à expressão dos meus sentimentos.
Beijo.