Talvez

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Talvez. Talvez eu já soubesse, desde o início, que o fim seria a maior de nossas verdades. Talvez meu coração desde o começo compreendesse que nosso conceito de infinito era frágil, era pequeno demais. 
Eu depositei em você, muito de minha felicidade. Não que não fosse merecido, mas eu deveria ter me responsabilizado mais. Deixar em suas mãos era fadar meu coração a uma trajetória dolorosa. Ninguém pode cuidar tão bem dos meus sentimentos quanto eu. Hoje vejo: fui burra.
Quando falávamos de 'pela vida inteira', no íntimo, sentíamos que esse tempo era muito menor do que a brevidade da vida. Entregar o amor a um tempo tão inconstante é sempre um risco. O tempo não é lá tão comprometido com as nuances de afetos que permeiam a vida; tem sua própria lógica de funcionamento, custe o que custar.
O que vivemos, findou ainda no início, quando assumimos algo muito maior que nós mesmos, irresponsavelmente. Não nos preocupamos com o que sentíamos, em sua profundidade. Nos importamos mais com o fato de ficarmos juntos do que qualquer outra coisa. E talvez esse fosse o caminho mais interessante, mas não era o que precisávamos.
Hoje assumo os "se" e "talvez" que não compreendemos e que se perpetuaram entre nós, dia após dia. Assumo porque fui culpada, porque fui insensata. E talvez eu até quisesse, lá no fundo, que fosse assim. E se eu não estivesse realmente pronta? Existe um tempo para isso?
As dúvidas nunca serão respondidas, pois são muito maiores que nós mesmos. Que nós! Talvez fosse assim, sem sentido, incoerente, infundado, vazio. Corremos o risco.


Magda Albuquerque

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