O amor nos tempos da Felicidade

22:29

Intitulo esse texto, parafraseando Gabriel García Marquez e sua obra 'O amor nos tempos do cólera'. Imagino em que sentido surgiu esse título, mas, como trago agora um novo sentido, falo o que penso sobre O amor nos tempos da Felicidade.
Costumo perceber o quanto as pessoas falam de amor, quando, na verdade o que sentem quase nunca é recíproco. A alma se alimenta do impossível, e faz dele maravilhas. Quantos poetas construíram obras lindíssimas enquanto eram massacrados pelos amores platônicos, pelo sofrimento exacerbado de almas estapeadas pela dor?! Muitos, e tantos outros hoje estão por aí, pelos caminhos da vida, e muitos outros ainda virão. 
Questiono se não é possível escrever sobre o amor, de uma forma encantadora, também quando ele é mais do que correspondido, quando ele é compartilhado por duas almas em uma sintonia de sentimentos. Dizem que a verdadeira inspiração está na melancolia dos dias enfadonhos e tristes. Deixo minha parcela de dúvida quanto a isso. Até já senti que isso fosse real, mas descobri que também é possível entregar-me ao deleite das belas palavras quando tomada pela felicidade da companhia de um amor. Ou que nem seja amor, que apenas seja uma paixão. Não importa. O que é de fato importante, é que há uma troca de sentimentos entre duas pessoas que se querem bem.
O amor nos tempos da felicidade é tão possível quanto o supracitado. Ainda que, neste momento, sinta a ausência de uma alma que compartilhe essa esperada reciprocidade amorosa, escrevo sobre o amor, e me sinto imensamente feliz, com tudo o que estou vivendo.
O verdadeiro amor está presente na forma como lidamos com o mundo à nossa volta. Está em tudo o que fazemos, sentimos, desejamos, elaboramos, pensamos... Está em tudo o que somos. Hoje encaro o amor com um estado de maturidade da vida. Vejo-o como um estágio alcançado com precisão, com certeza, segurança. Não mais um amor desvairado, esguio, fugaz como nos tempos das descobertas sentimentais.
Hoje o amor existe, porque em mim, há certeza de que tenho um encontro marcado, diariamente, com a Felicidade.


Magda Albuquerque

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