Carta a Odisnei

19:58


Odisnei, você foi o grande amor da minha vida, mas não apenas isso, me desgraçou, acabou com a minha alma e com meu coração. Lembro com saudade dos dias em que cantamos ao luar, I'm not dog no, e começávamos a juntar nossas muambas, e nossas escovas. Foi a melhor fase da nossa vida, Odi.
Mas nem tudo é como a gente quer, nem tudo pode ser perfeito, e chegou na nossa casa a maldita Kassandra. Kass (como costumávamos chamá-la) nos conquistou pelo bucho, arrebatou nosso intestino e nosso paladar com tanta gostosura que a desgramada fazia na cozinha. Como, alguém com uma mão tão boa com comida, poderia acabar com a minha vida desse jeito?
Nunca esquecerei do dia em que fui fazer o retoque da minha californiana, e acabei voltando um pouco mais cedo pra casa. Encontrei você, seu safado, com a Kassandra, juntos, fazendo bolinho de fubá. Como pode me trair desse jeito? Era algo nosso, só nosso. Eu devia ter percebido que isso indicava o que estava por vir.
Como se não houvesse sido o bastante, vocês, apunhalaram minha alma pelas costas, no dia do aniversário do nosso ajuntamento, Odi. Fiquei em casa, escondida, de propósito, porque sentia o cheiro da traição. De dentro do nosso guarda-roupa, vi tudo: você chegando de cuequinha de onça (bandido! foi um presente meu...humpf!), e a maldita Kass, carregando um copo de vitamina de beterraba junto aos seus (enormes) peitos. A cena mais aterrorizante da minha vida; aguentar isso calada foi uma tortura. Ver você abrir a minha gaveta de joias e pegar meu brinco de pena que compramos naquele hippie da praia da Popozuda. Como você foi capaz disso?
Vi Kassandra desforrar nossa cama, derramar a vitamina, agarrar você. Quanto absurdo! Quanta traição. Mas o pior foi ver o Wellinton chegar. Meu marido, me trair com a empregada e com o motorista, foi demais pro meu coração. Não aguentei. Tive que sair correndo, deixando vocês com as coisas nas mãos. Nem ousei ver mais nada daquela cena horrenda.
Tive que ir embora daquela casa, daquela situação. Mas o pior de tudo, meu Odis, foi voltar e ver que você não estava mais em casa, que tinha levado tudo, até a cueca de oncinha. Acabou com a minha vida, devastou meu coração. E a desgraçada da Kassandra ainda me roubou o soutiê de renda francesa. Que ousadia! Minha vida acabou naquele momento. Quanta traição, quanta ousadia, quanto abandono!
Só sei que amo você, meu caro Odis, meu amor, minha vida. Volte, não me deixe nessa solidão. Só não esqueça de trazer a cueca felpuda. Porque desde que você se foi, nunca mais tive vida. Volta, Odisnei, volta, pro meu coração.


Magda Albuquerque

P.S.: As conversas no Elite Blogueira estão cada vez melhores e fazendo surgir as melhores tags do mundo. #cartaaodisnei

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6 comentários

  1. Depois dessa eu só consigo comentar uma coisa: ESTOU MORRENDO DE RIR!

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  2. Que viagem!!!
    Li mentalmente com a voz ( que eu imagino) do bofe! Foi inevitável!!
    Muito sofrimento pra um Odi só, o que é isso?!! rsrsrsrrsrs
    Hilário, Magda!

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  3. Trazer de volta a cueca felpuda foi demais pro neu coração. hahahahahhahahgahag

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  4. Eu ri muito Magda!
    Parabéns!kkkkkkkkkk
    Ô dó do Odi! Haha

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  5. Ai gente, que bom que gostaram! Foi especialmente pra vocês.
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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