Uma leitura como tantas outras da faculdade me chamou a atenção, de uma forma especial.
O texto chama-se "Deus sob medida", do psicanalista Contardo Calligaris.
Ao ler esse texto, é inevitável que nós, cristãos, não olhemos a condição em que vivemos com outros olhos.
Vou sintetizar as ideias trazidas pela crônica.

Começa questionando o fato de que em uma sociedade que se diz católica, 90% concorda com o aborto. Bem, isso é nos Estados Unidos, mas não se distancia tanto de nós.
Como podemos nos dizermos adeptos de uma doutrina da qual duvidamos e desacreditamos?! É aquela simples frase: Não dá pra ser cristão pela metade; ou é, ou não é.
Hoje em dia, na religiosidade ocidental e contemporânea, as pessoas sentem-se livres para interpretarem o texto - A Palavra - como bem entendem... como lhes convém.
Tem-se que como Deus é infinitamente misericordioso, mesmo se pecar, haverá perdão. E muita gente se acostumou com essa ideia: se eu pecar, Deus me perdoa, e eu posso seguir em frente.
Não há um respeito com a religião; não há verdadeira religiosidade.
Compreendi como ideia central do texto: A concepção de Deus foi mudando ao longo do tempo, e o homem foi moldando de acordo com seus próprios princípios, valores e crenças. Ao inverso do que seria correto, as pessoas querem Deus como um reflexo de si e não mais querem ser reflexo dEle.
As pessoas são extremamente narcisistas, e valorizam apenas aquilo que refere a si. A religião nesse contexto fica em segundo plano, ou em plano nenhum. Isso é uma conclusão triste!
Não existe mais a concepção de um Deus para todos, mas foram criados vários modelos de Deus; um para cada indivíduo, de acordo com as necessidades individuais.
Cada um, hoje, tem o seu Deus.
"Deus mudou. É um Deus privado; a cada um, o seu."
"O Deus dos indivíduos da modernidade, é como um telefone celular narcísico.DELe, sempre disponível, espero o conselho que de fato quero dar a mim mesmo..."
Isso remete a uma reflexão. Eu posso utilizar Deus como uma resposta que eu quero ouvir, para as perguntas que faço? Tem-se colocado Deus numa posição de quem atende sempre o que o sujeito deseja. Deus é o atendente da vontade do ser humano. Como viver assim?
Essa constante referência a si mesmo marca a sociedade de Consumo como Narcisista e Individualista, e não é nada superficial. Isso é uma marca profunda que existe.
Pra finalizar, mais uma passagem do texto:
"Deus mudou de lugar e de material: de escrito, se fez espelho, de único, se fez múltiplo."
Onde, escrito refere-se à bíblia; espelho, referência; único seria o único Deus para todos; e múltiplo representa esse Deus sob medida.


Muito me chamou a atenção essa leitura, e me fez refletir bastante.
Sou tão pequena para ser uma visionária.
Essa ideia e esse sonho de mudar o mundo... tão distantes.
Mas eu sei que Deus precisa de mim... precisa de todos nós.
E por Ele me escolher para fazer parte de uma missão tão maior que esse individualismo é que eu tenho força, vontade e coragem pra continuar.
E eu tenho certeza que se todos mudassem essa concepção, construiríamos um mundo melhor.
Mas eu não posso esperar as outras pessoas. Tenho que começar fazendo a minha parte.
E é nisso que eu vou basear a minha vida, eternamente cristã.
Reflitam um pouco também. Isso faz um bem enorme.

nEle.