Gestar

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Imagem via Google

Para gestar o pequeno que faz morada em meu ventre, precisei caminhar em direção à mulher que foi gestada até aqui. Desde cedo, me senti e sinto conectada com algo maior, com uma potência que nunca soube dizer o nome, mas me guiou a uma introspecção necessária ao crescimento e amadurecimento ainda que dolorosos.
Nunca soube nomear essa força. Busquei explicá-la através de uma fé, busquei me distanciar do que me afastava dos meus ideais para poder enxergar melhor, mas ainda não assim não encontrava um nome. Acredito que ainda não consiga dar um nome, mas atingi um estágio de compreensão que me direciona a um entendimento de que tipo de força sempre me habitou.
Não conheço toda a minha ancestralidade feminina, mas até onde a conheço, sei que é carregada de força, de movimento, de ação, de conquista, de luta. Essas mulheres, incluindo a minha mãe, me gestaram, me trouxeram até aqui. E hoje entendo um pouco do sentido que me movimenta na vida.
Estou há cerca de seis meses, gestando uma vida, uma pequena vida que para vir ao mundo, já depende de mim. Tenho vivido intensas transformações, confrontos com os mais profundos medos e anseios, ao mesmo tempo em que me aproprio da força e tranquilidade que sempre habitaram em mim, mas por algum motivo eu não conseguia lançar mão pelo meu próprio bem.
Gestando o meu filho, me sinto sendo gestada, transformada, nutrida e em verdadeiro encontro de sentido, ou sentidos. E essa jornada de volta ao meu gestar enquanto ser em crescimento contínuo desde o ventre da minha mãe e de todas as minhas ancestrais, tem me direcionado para o encontro de uma pessoa mais inteira e ainda que de maneira silenciosa, segue em uma jornada de autoconhecimento e construção. Estou gestando em mim duas novas vidas: a minha e a de Francisco.


Magda Albuquerque

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