Pertencer, ou não pertencer

23:16


Uma noção que vem me perturbando ultimamente é essa: de pertencimento. Venho percebendo que para mim, pertencimento é muito mais relativo do que imaginava. Me sinto não pertencendo a lugar nenhum, ao mesmo tempo em que me sinto pertencente do lugar onde estou no instante. Pertencer talvez seja isso, de instante em instante, pertencendo ao que é emergente.
Confesso que pode até ser medo. Medo de pertencer e na verdade não ser pertencente das minhas escolhas, dos meus lugares, da minha vida. Talvez seja apenas uma questão de princípios, ou de preferências, ou sei lá o quê. Essa inquietação tem mexido comigo, ao mesmo passo em que tem me permitido um grau a mais de amadurecimento.
Constatar a realidade de instantes na vida é de fundamental importância. O tempo é tesouro, ao mesmo tempo em que é castigo. O tempo é senhor de si, e nós temos que aprender muito sobre ele, no decorrer da vida. O quanto antes, melhor. Por isso, acredito que talvez esse seja um caminho interessante, o que trilho agora.
Com isso, o que me preenche se torna muito mais sutil. Minhas necessidades são atendidas pelos instantes, sem turbulência das esperas. Assim me tornarei mais leve. Talvez não pertencer seja um presente dos céus, para que eu possa então pertencer a qualquer lugar onde esteja, desde que atenda à minha essência.
Ou tudo isso pode ser uma baita de uma complicação, e estou aqui considerando a 8ª maravilha do mundo. Só o tempo responderá.


Magda Albuquerque

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2 comentários

  1. Magda,

    Compartilho de sua perturbação. Também me sinto alienado do que dizem me pertencer, e a quem eu sou dito pertencer. Parece-me que é algo temporal (não sei ao certo se temporário), visto que muitos conhecidos também estão se sentindo assim.

    Fazendo troça, eu poderia perguntar, será que é a comida ou o ar?

    Gostei de perceber que minhas divagações encontram eco por aqui.

    Abraço!

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  2. Fabrício querido,
    Ainda bem que compartilhas comigo. Às vezes me sinto extremamente perdida, mas que reconfortante saber que outros também partilham da mesma inquietação.

    Será que há uma condição externa que nos leva a esse questionamento? Talvez até exista mesmo, nem duvido.

    Que nossos ecos se encontrem.
    Um beijo.

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