Não pensei que esse adeus demoraria tanto tempo pesando em meu coração. Não acreditei que era um adeus de verdade, no final das contas. Mas você se despediu de mim, despreocupado, e seguiu seu caminho. Eu fiquei perdida entre o adeus e o volte logo, que nunca chegou. De todas as despedidas que já vivi, nunca doeu tanto, nunca foi tão difícil. Não há lembrança, música, carta, mensagem, fotografia, que não me provoque dor, e é uma dor não apenas de saudade, mas de repúdio, pelo fim sem fim que me atordoa. E não adianta tentar me convencer, me fazer entender que acabou, que não somos mais os amigos que fomos um dia, não consigo fazer isso; mesmo tentando, ainda sinto em mim um sopro de esperança, de receber aquela ligação inesperada, dizendo que está por aqui, que quer me ver, e sairmos sem destino, jogando aos ventos a leveza da vida compartilhada. Me despedir de você me faz um mal terrível, me dói profundamente. O adeus mais doloroso, porque não consigo aceitá-lo. Entendo que nossos caminhos se descruzaram, mas dói. O nosso adeus é diário, é contínuo, e sempre irá me arrancar lágrimas, até que passe, um dia.

Magda Albuquerque