Férias, pra quê?

23:37


Que pergunta mais sem lógica essa minha, não? Pois bem, venho aqui hoje falar de uma experiência totalmente minha sobre férias. 
Desde a infância aprendemos o que são férias, e temos diversas fases e formas de aproveitá-las, não é mesmo? Quando olho para trás e vejo o que fazia no passado nas minhas sonhadas férias, que era quando ficava livre da escola e podia aproveitar, vejo muita brincadeira, muito de uma infância bem vivida. Olho para os anos seguintes e vejo sempre aquele alívio por enfim poder fazer o que queria, na hora que quisesse. Muita leveza!
No decorrer dos anos, porém, as responsabilidades chegam e as férias acabam por ser momentos muito pouco aproveitados, ou até inexistentes. A vida acelera, as cobranças, as frustrações, os estresses do trabalho e da vida acabam por nos consumir e provocar 'n' sensações nada interessantes. Pois bem, como presente por tanto trabalho, tanta entrega (sim, eu me reconheço como alguém que trabalha com alma, inteira naquilo que me proponho a fazer e disso muito me orgulho, mas em um determinado momento há que frear um pouco), resolvi aproveitar minhas férias fazendo muito do que gosto, e principalmente, viajar.
Resolvi que viria para a Bahia (ainda estou aqui), mais especificamente Salvador, e aproveitaria o máximo possível. Preciso dizer que esse lugar está acima de todas as minhas expectativas. Estar aqui não só está me deixando mais leve, me oferecendo novos lugares, pessoas, comidas, para conhecer, mas me trouxe de volta algo muito meu, mas que havia se perdido em espaços onde minha energia não circula de forma tão tranquila, tão leve, tão inteira: minha identidade.
O povo baiano respira sua identidade com sotaque arrastado, se vestem de sua cultura (e aqui falo de vestes de alma mesmo). E ver e estar com essas pessoas está me fazendo (re) encontrar com muito de mim que eu não estava mais me dando conta. Sabem aquela velha história de se misturar com o meio em que vive e acabar sucumbindo aos valores que aquelas pessoas pregam? Pois bem, discordo de muita coisa que vejo e sinto que muitas vezes preciso me calar porque o que eu busco é de uma simplicidade quase que impalpável, incrível, irreal. Mas eu bem sei do que realmente me preenche, e aqui na Bahia pude me perceber mais inteira. E não estou falando de me identificar com a cultura daqui especificamente, mas sentir que há muita inteireza no lugar, e a energia aqui é bacana demais. Ando pelos lugares e sinto vontade de sorrir, de me misturar com as pessoas, conversar, saber do que fazem, do que gostam. De verdade?! Me sinto em casa.


Essas férias, hoje, significam pra mim mais do que um momento para esquecer dos problemas e inquietações sem soluções aparentes, mas sim uma oportunidade dos céus para que eu me reencontre com o que há de mais forte em mim: o meu desejo de viver inteiramente cada coisa. A Bahia me trouxe de volta ao melhor de mim, ao que de mais precioso existe em minha vida: minha identidade. E esse aspecto tão importante é que é a fonte diária de motivação, de razão para cada passo. Só posso fazer aquilo que me preenche e se não me preencher, preciso fazer diferente, preciso me reinventar, mas nunca, nunca mesmo, deixar que o mundo me diga quem devo ser e o que fazer. Eu sou povo de mim mesma e é pensando nesses que eu devo seguir, respirando meus valores, princípios, argumentos, posicionamentos, meu gosto pela simplicidade das coisas.

Obrigada Bahia, obrigada povo baiano; aqui deixo um pedacinho do meu coração, porque metade dele, que estava perdido aqui, eu tô levando de volta. E até breve!

Imagem de banner no Museu Náutico do Farol da Barra - Salvador

P.S.: As férias ainda não acabaram, mas vou me despedindo daqui há dois dias desse lugar lindo, e já sinto uma saudade gigante.


Magda Albuquerque

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3 comentários

  1. Sempre encarei as férias como uma eterna criança, talvez porque quando era guri esse período significava ir para a fazenda e ficar lá com meus avós fazendo o que eu mais gostava: trabalhar no campo.

    Quando decidi largar tudo e estudar veterinária, foi como se entrasse em férias eternas. Mesmo as responsabilidades do estudo não são capazes de ofuscar a leveza de viver a vida que mais gosto. É claro que as férias das aulas também agradam, pois é o período em que fico de pernas pro ar curtindo a vida e, neste momento específico, a chegada da Larinha.

    Mas tu traçou um paralelo deveras interessante com o encontrar-se com a própria identidade, achei muito inteligente. Quando estamos em estado de paz interior é sempre mais fácil olharmos para nós mesmos e resolvermos conflitos, dúvidas e aproveitarmos melhor a vida. Fico feliz que tu esteja vivendo esse momento.

    Beijão!

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  2. É bom se encontrar em um lugar e deixar que ele nos lembrem do que e quem somos.
    A gente cresce e as férias passam a ser um curto espaço de tempo para por tudo em ordem, loucura né, a gente nem percebe que tá desperdiçando o nosso tempo livre pra se encher de trabalhos e deveres. Tenho mais quinze dias de férias e, embora eu não tenha viajado nem saído muito, usei meu tempo livre para por a cabeça em ordem e relaxar. Valeu bastante a pena.

    http://www.novaperspectiva.com/

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  3. Ton, que bom ter você por aqui. E, realmente, esse momento está sendo tão vivo, tão bom. As férias tão sonhadas estão valendo a pena demais.

    Beijos em tu. :*


    Gabi's,
    Desperdiçamos tanto com tanta coisa e ter a oportunidade de encontrar comigo mesma, em outro lugar, com outras pessoas... Nossa, demais! Onde quer que estejamos, o importante é curtir de verdade esse momento.
    Beijão.

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