Dois mil e quinze

19:35

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Dia desses me peguei observando o calendário. Dezembro. Já se passaram tantos meses, o ano correu absurdamente. O que eu consegui acompanhar nessa correria? Há tanto a pensar. Tantos dias, horas, histórias...
Ontem era um dia, hoje outro, amanhã outro totalmente diferente. Onde estou nesse passar do tempo?
Observo os dias, observo a marca dos dias nesse calendário. Dias cronologicamente registrados, e um tempo infinito nas entrelinhas.
Um ano.
O que acontece em um ano? 365 dias inteiros, inúmeras horas... Muita vida que acontece.
Em um ano consigo perceber inúmeras vivências, e dessas percebo experiências transformadoras, significativas. É complicado enumerar tanta coisa que passou em minha vida em um ano, em mais um ano.
A cada ano, a cada momento da vida, novas formas de encarar e sempre a mesma disposição em me modificar. Me inquieto com a normalidade, com a normatização e com a vida parada, sem sentido. Sinto-me viva quando minha inquietação está na transformação da minha vida, nas mudanças constantes, nos aprendizados. Estou no mundo para me modificar a cada instante, e essas mudanças me complementam e me amadurecem de uma forma tão grandiosa que na maioria das vezes não consigo descrever, não consigo quantificar. A grandeza das mudanças diárias me faz uma pessoa melhor.
Nesse ano, especificamente 2015, posso pensar em diversas experiências de significados amplos. Cursos, vivências, encontros, desencontros, frustrações, dores, amor, afetos, silêncios, paciência, palavras soltas, reflexões, desafios, conquistas, fechamento de ciclos, amadurecimento... Talvez um dos anos em que mais aprendi sobre mim, sobre minha forma de ser (em constante mudanças) e lidar com as pessoas e o mundo à minha volta.
Por dentro, mudei muito. Meu coração mudou, meus pensamentos mudaram. E por fora, mudei tanto quanto, através das minhas atitudes. Permiti-me e me resguardei de muitas coisas, e aos poucos vou aprendendo e me sentindo mais segura. Descobri motivos que antes desconhecia e que hoje tem me apresentado muito sentido à vida, à minha vida. Muitos caminhos ainda não tracei, mas já os visualizo em minha trajetória, e estou apostando neles para o meu caminhar, como aquilo que me dará ainda mais sentido à jornada.
Inquietei-me e me inquieto, pois não consigo achar normal tantas coisas no meu dia a dia. E essa minha inquietação me trouxe riquezas, me ensinou o empoderamento. E a partir disso, hoje ouço e percebo muitas histórias de formas distintas do que conseguia antes, e assim eu tento mostrar a outras pessoas um pouco da minha descoberta, como forma de ampliar olhares junto com o meu. Não que eu queira que pessoas pensem e vejam como eu, mas que possam repensar as suas próprias formas de pensar, ver e lidar com a vida, para que não se desperdice a vida, mas que ela seja vivida plena de sentido.
Agradeço ao meu ano de 2015 que em sua turbulência me ensinou onde posso encontrar calmaria, que me possibilitou viver encontros com o mundo e comigo de uma forma nunca antes vivenciada. Deu-me coragem e me ensinou muito. E eu, nos contrários que existem em mim, me disponho às transformações, às novas possibilidades, aos novos encontros, e aos novos sentidos. Quero lidar com a vida com a sacralidade que há nela, concretizando sonhos e descobrindo encontros e mais encontros, que me tragam sentido e me ajude a amar o que está no outro e o que está no mundo, mas sobretudo o que do outro e do mundo estão em mim, que me fazem viver tais encontros com a grandeza que neles existe.
Às vezes pareço otimista demais, mas é que não sei ser de outra forma e é desse jeito que me sinto feliz. Reconheço as tempestades e as enfrento ou me aquieto e espero as calmarias. Acredito que é mais bonito e mais interessante viver assim, e dessa forma eu tenho encontrado muito mais sentido para os meus dias, para o amanhã ou o futuro tão falado. Lido com o hoje da melhor forma possível  e sofro, choro, me desespero (assim como todo mundo), mas uma hora ou outra eu me acalmo e consigo perceber outros caminhos, ou apenas aprendo a lidar com o que é possível no momento. Assim tenho vivido com muito mais tranquilidade. Mudar o mundo é bem difícil, por isso prefiro mudar o que há em mim que está em encontro com o mundo. Não há outro resultado: mudamos juntos.
Por vezes precisei me ausentar de muitos possíveis encontros, de estar com pessoas queridas, para me compreender melhor, para entender melhor minhas relações comigo e com o outro, como uma forma de buscar formas mais saudáveis à minha existência. Não consigo me acomodar com o que me inquieta e na maioria das vezes preciso silenciar e refletir profundamente, porque acredito de verdade que não é ao outro que preciso direcionar meus questionamentos, porque o outro muda se ele quiser e puder, mas eu posso e devo mudar quando percebo que as formas vividas não estão me proporcionando bons sentimentos. Até compreender, preciso estar em contato comigo mesma, e só então poder levar ao outro minhas percepções para que juntos possamos encontrar novas formas. Justifico minhas ausências por precisar cuidar de mim, e por perceber que minhas excessivas doações me desgastavam demais. Às vezes a gente precisa de pessoas que procurem a gente, e não só nos espere chegar.
Por fim, agradeço a oportunidade que me é concebida diariamente, de estar viva e viver essa multiplicidade gigante de experiências e histórias que sempre são acolhidas com o melhor que eu puder oferecer.
Aqui, agora, sou Magda, mulher, psicóloga, inquieta, feminista, sonhadora. Tento fazer da minha vida uma poesia, para que os pesos se tornem leves, e o encanto de ser more em mim.

Sigo nessa jornada... Mesmo não sabendo onde vou chegar.



Magda Albuquerque

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4 comentários

  1. Há como é bom poder ler post seu depois de um grande tempo, ainda mais quando ele tem um ar nostálgico e muito de aprendizado.
    Que bom ver que mudou, que evoluiu, que mudou a forma, mas continuo com a mesma essência.
    Quero te desejar um 2016 repleto de conquistas e que elas venham com batalhas, porque isso as tornaram mais saborosas.
    Foi um prazer conhecer esse cantinho e também você Magda. ♥
    Um beijo

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    1. Oooooowm Cami ^^
      Você com certeza é um dos presentes de 2015 pra mim. Obrigada pelo carinho de sempre, e por sempre passar por aqui. Dá vontade de escrever só pra ter comentários assim, sabe? Haha.
      E pode ter certeza que a recíproca é verdadeira quando ao cantinho. Gosto demais do seu, e sempre tenho vontade de voltar por lá. <3
      Beijão minha queriiiida!

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  2. Já escolhi minha frase favorita, aquelas que me chamam atenção antes mesmo de iniciar o primeiro parágrafo! ''Por dentro, mudei muito. Meu coração mudou, meus pensamentos mudaram. E por fora, mudei tanto quanto, através das minhas atitudes. Permiti-me e me resguardei de muitas coisas, e aos poucos vou aprendendo e me sentindo mais segura.''

    Esse ano de 2015 foi bem peculiar, como o Romulo mesmo disse, ocorreram tantas coisas na nossa vida, que se estivéssemos assistindo os dias de agora há um ano atrás não acreditaríamos no que dizemos ou como agimos. 2015 foi um ano de muito aprendizado, como você mesmo disse, mas ele só ajudou a formar quem somos hoje. Dia 31, último dia de um ano conturbado, apesar de tudo, um ano bom.

    Te desejo TODA FELICIDADE DO MUNDO!! Que 2016 venha recheado de amor, amizade, esperança e muita criatividade!!! Feliz ANO NOVO lindaaa <3
    Obrigada de coração por esse tão maravilhoso, por ter me erguido nas palavras e me feito voar mais alto, enxergar além do meu próprio céu, você é incrível! Obrigada pelo carinho <3

    Beijããão!

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    1. Minha floooooooor, te agradeço demais por encontrar meus dias com os teus, com imenso carinho e trocas tão sinceras!
      Que todos os nossos anos sejam intensos, mutáveis e transformadores, que vivamos cada instante com a alegria e a disposição de sempre!

      Beijão, e gratidão por tudo.

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